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Olá! Bem-vindos ao blog

Causa e Efeito - Terror

Causa e Efeito foi criado por Alan da Cruz e Rogers Bonamigo em Julho de 2017 com o intuito de mostrar ao leitor seus trabalhos de escrita. Com os mais variados gêneros, o Causa e Efeito começa com histórias, contos e séries voltados ao terror, mais puxado para o estilo Creepypasta que ronda os blogs de terror Brasil a fora.

Também fundadores do blog Ler Pode Ser Assustador, Alan e Rogers iniciam mais um trabalho, desta vez, focado apenas em conteúdo Autoral. Desta forma, o blog não publica outra coisa se não apenas o que foi escrito por nossos integrantes e os compartilha para todos aqueles que amam ler, além de estarmos de portas abertas a qualquer outro escritor que deseja ampliar o alcance de seus fãs num startup, compartilhando aqui o seu trabalho.

Esperamos que gostem do que irão encontrar por aqui e aguardamos o seu feedback!

Faça Parte da Equipe de Escritores!

PUBLICAÇÕES

O Outro Mundo - Capítulo 3

Cães do Inferno


O pequeno Adam sentia que havia algo errado. Que algo naquele lugar não estava certo. Por mais que fosse divertido, fosse um lugar incrível, o garoto estava inquieto. 

- Sarah?

A garota estava “pulando amarelinha” no meio da rua com outras crianças. Ela para ao ouvir seu nome e olha direto para o Adam. 

- O que foi?
- Quero falar com você!

-Ah Adam, agora não. Eu tô brincando!
- É importante!

A garota o ignorou e continuou a brincar.

- Sarah! - exclamou em voz alta.
- Aaahh tá bom! - ela para no mesmo instante e caminha em sua direção.

- O que você quer! - disse em fúria.
- Venha cá.

O garoto caminhou um pouco mais distante de todas as outras crianças que estavam a brincar. 

- O que é que você quer! - a garota disse e parou de caminhar. Adam se vira;
- O que tá acontecendo aqui?

- Acontecendo o quê? A gente tá brincando, ué!
- Não, eu não falo disso -

A garota o interrompeu.

- Fala do que então?
- Cadê os meus pais?

- O quê?
- Os meus pais, ondes eles estão?

- Eu não sei do que você tá falando!
- O quê? Como não assim não sabe?

- Eu não sei o que é isso, essa coisa que você disse.
- Coisa que eu disse?

- É... essa tal de...

A respiração de Adam parou, assim como seu coração e mente também ao ouvi-la dizer:

...Pais...

E a palavra pareceu ecoar em sua mente...

...Pais... 
...Pais... 
...Pais...

- Eu não sei o que é isso, essa coisa que você disse.
- É... essa tal de...

"..."

Ele inspirou fortemente e todo seu peito estufou e expirou tão forte que o ar saiu todo quase que em um segundo. 

- Pais? - o garoto perguntou.
- É, essa palavra.

Ele fez uma cara pensativa. Ela sorriu. 

- O que é essa coisa? - Adam disse para a garota que caiu em gargalhada.
- Hahahaha! Vem Adam, você está quase lá! Vem brincar com a gente!

Fogos de artifícios explodiram no céu naquele instante. Bolas de fogos coloridas seguidas do som da explosão tomavam várias formas. Inclusive um coração... 

O garoto voltou seu olhar para o rosto da menina e sorriu. 

- Estou indo!

***

- Mamãe?
- O que foi Kyle?

- Você viu o Elliot e o Adam?
- Eles estavam aqui agora a pouco filho.

- Viu pra onde foram?
- Acho que ali no ultimo quarto, ou lá embaixo filho.

O garoto se vira e vai para o quarto. 

- Adam? Elliot?

Ele entra. Há um enorme guarda roupa afastado da parede e que é a primeira coisa que lhe chama a atenção no quarto. O garoto caminha até lá e olha a parte de trás. Há um enorme buraco na parede, o garoto passa facilmente e adentra. Ele nota uma porta azul no lado esquerdo da pequena sala quadrada. Não havia nada mais ali dentro além de uma lanterna na maçaneta da porta. 

Kyle a encara com um rosto desconfiado, mas decide abri-la. Ele gira a maçaneta sem tirar a lanterna que estava pendurada. A porta de abre, a maçaneta quebra no mesmo instante e se separa da porta, ficando na mão do garoto e derrubando a lanterna no chão que, com a queda, acende. 

O garoto leva um pequeno susto e se recompõe no mesmo instante, ajuntando a lanterna do chão. Ele olha pra porta encostada e, com sua mão esquerda a empurra. A porta abre por completo e o garoto aponta a lanterna para a escuridão. Ele não pode ver muito e dá um passo para frente, segurando a porta. Ele estica o pescoço e o braço, iluminando mais além, e notou que havia uma escada mais a frente. 

Ele faz uma cara pensativa e volta, não adentrando a sala. Ele puxa a porta com velocidade e solta, fazendo-a trancar com a pancada. Olha para esquerda e fica intrigado. Quase que no mesmo instante ele olha para as demais paredes. 

Não havia nada além da porta azul em um dos quatro cantos. O local por onde Kyle havia entrado não estava mais lá. 

A porta azul se abre. 

Sem opção, com medo mas curioso e ao mesmo tempo preocupado com seus irmãos e as coisas estranhas que estavam acontecendo, o garoto entra. Não há para onde ir se não descer as escadas, e é o que o garoto faz. Em poucos instantes já estava na parte de baixo. Ele tente iluminar o local mas nada pode ser visto. Estava muito escuro e a lanterna era fraca demais - "talvez sejam as pilhas" - o garoto pensa. 

No mesmo instante a lanterna falha e desliga, deixando-o em completa escuridão. 

- Ah não! - ele diz assustado enquanto aperta fortemente o botão, na tentativa de que a lanterna viesse a acender, mas não acende. Ele dá meia volta e lentamente caminha, com os braços esticados, em direção a escada que acabara de descer. Ele anda e anda, e anda...

Anda mais um pouco e para.

- Droga! Será que errei o cominho?

Ele continua a caminhar. Por mais um... e começa a se desesperar... por dois minutos... e o desespero aumenta. Ele para novamente, segura firme a lanterna e dá umas pancadas. Ela acende e o revela uma criatura horrenda, sua pele retorcida e acinzentada, com algum tipo de luz brilhosa saindo dela. Ela se parecia uma criança. Um menino. Um menino que tivesse passado por um moedor de carne. 

Kyle se assusta e num pulo se vira e começa a correr. A lanterna não ilumina lugar nenhum. Ele apenas podia ver que outras criaturas apareciam ao seu caminho, tentando o agarrar. 

- Droga, o que é esse lugar?

Enquanto corre desesperado ele observa algumas das criaturas. 

Pareciam ser todas crianças. Das mais diversas idades. Meninos e meninas. A forma como o corpo de cada um estava era parecida. Como se o que tivesse acontecido a primeira criatura que viu, também tivesse acontecido com as demais. 

- O quê? 

O garoto para de correr de supetão e ignora as criaturas, olhando apenas uma que estava mais distante. A criatura tinha roupas parecidas com a que seu irmão Adam estava usando. Ele então nota que todas as criaturas estava paradas. Nenhuma delas o estava perseguindo ou tentando agarrá-lo. Elas estavam a olhá-lo enquanto olhava para aquela criatura.

Ele se aproxima da criatura lentamente e se surpreende cada vez mais a medida que se aproxima. A criatura não só tinha as mesmas roupas que seu irmão mais novo como também tinha sua altura. E dois passos a mais pôde notar que até o corte de cabelo era parecido. E notou que aquela era, de todas as outras, a menos deformada e então se desespera e cada vez se aproxima mais rápido. 

- Não! Não pode ser!

O garoto para de frente a criatura.

- Adam?

Os olhos da criatura brilham e ela solta um leve gemido.

- Irmão o que aconteceu com você?! - o garoto abraça a criatura e chora - o que houve com você irmão? O qu- ele para de falar ao sentir algo estranho. Seus braços estavam nas entranhas de seu irmão.

- Ahhhh - o garoto se joga para trás assustado e cai no chão. Ele observa a criatura que parecia ser feita de uma gelatina ou algo assim de cor cinza se regenerar. Em instante a criatura está novamente na forma original, como se nada tivesse acontecido.

- FUUUJAA! - a criatura levantou seu braço direito, se inclinou para o lado e apontou uma direção.

Todas as outras criaturas que estavam ao redor apontaram para a mesma direção. 

- Irmão? 

Kyle o olha desesperado e em prantos. A criatura repete.

- FUUUUJAA!

O garoto ouve mais ao além uivos e rosnar de cães, de um jeito medonho e sombrio que nunca havia ouvido. Ele associa no mesmo instante as deformações nas criaturas ao seu redor e teme. Começa a correr para a direção apontada por seu irmão e as criaturas. 

Algo fora do normal havia acontecido aqui e ele sabia que não poderia fazer nada, que o que quer que tenha acontecido com seu irmão não poderia ser resolvido por outros se não adultos, e aqueles cães... eles certamente estavam famintos. 

O garoto corre cada vez mais rápido a medida em que os latidos ficam mais alto e ferozes. Ele corre por centenas de metros e, ao observar a direção para qual as criaturas ao redor apontam, percebe que está perto ao ver que as criaturas a poucos metros a sua frente começam a apontar para cima. Ele chega a escada desesperado e a sobe correndo, tropeça e cai de joelhos, se machucando. Os cães parecem mais perto do que nunca. Ele levanta desesperado e continua a subir, ignorando a dor. Finalmente sai das escadas e corre em direção a porta azul...

Que se fecha, deixando-o em completa escuridão e desespero...

[Próximo Capítulo]

O Outro Mundo - Capítulo 2

Um Lugar Diferente

- Olá?... Eeei, acorda. Acorda!

Adam lentamente abre seus olhos, sua visão ainda embaçada.

- Quem é você?

Ele se senta, ainda no chão. Esfrega os olhos e olha ao seu redor; Crianças. Um monte de crianças o cercavam, o olhando com olhos curiosos.

- Quem é você? - A garota torna a perguntar.

Adam olha para ela, uma garota de cabelo laranja e um lacinho esverdeado, olhos verdes e o rosto expressando curiosidade, intrigada.

- Adam... Adam Moore?
- Isso foi uma pergunta? - a garota respondeu rindo, e todas as outras crianças ao seu redor fizeram o mesmo.

Ela estende a mão e o ajuda a levantar.

- Vem, vamos brincar!

O garoto dá um passo e logo para. Sua atenção é toda voltada ao lugar onde está. Casas em formatos impossíveis e das mais variadas cores. Uma, duas, três rodas gigantes ao horizonte e mais uma, duas ou três montanhas russas. Havia brinquedos e doces para todos os lados. Uma infinidade de crianças brincando para todos os cantos, gritos e risos, balões, carrinhos, robôs e uma infinita variedade de outros brinquedos. 

- Porque você parou? Disse a garota. - Vai ficar só olhando ou vai se divertir com a gente?
- É, vamos brincar! - disse um outro garoto. 

Adam está boquiaberto com o que vê e não pensa duas vezes. Ele passa o dia todo se divertindo com as crianças nos brinquedos. Quando chega a noite, cada criança escolhe um canto, um lugar e deita para dormir. Esse era seu primeiro dia neste local, ele não sabia onde poderia deitar para dormir. Sara, a garota ruiva, aparece e lhe pergunta se gostaria de dormir com ela. Adam, meio tímido, aceita o pedido e os dois caminham pelas ruas, passando por diversas crianças deitadas no chão, nos brinquedos, dormindo e muitas outras ainda acordadas. 

- Espera... - o garoto para no meio da rua, olha para os lados com o rosto expressivo em dúvida. 
- O que foi? - Sara responde - você quer mais um doce? 

- Não, não é isso... é que... onde estão os adultos? 
- Adultos? 

- Sim, os adultos. Meus pais, seus pais. Os pais de todo mundo. Onde eles estão? 
- Adam... você está bem? 

- O quê? Como assim? Eu estou ótimo. Porque a pergunta?
- Você está falando umas coisas bem engraçadas.

- Han? Como assim? O que eu disse de tão engraçado? 
- Ah, pare. Vamos logo, estamos quase chegando na minha casa.

Antes que o garoto pudesse dizer qualquer outra coisa, Sara pega em sua mão e o arrasta, correndo em direção a sua casa. Dentro de poucos minutos lá estavam eles.

- Wow... Essa é sua casa?
- Sim, minha e dos meus amigos!

Era uma imensa mansão. Muito maior do que a casa que seus pais haviam comprado. Muito mais bonita e chamativa. 

- Vamos entrar! - disse a garota. 

Antes de passar pelo portão e se dirigir a porta de entrada da casa, algo chamou a atenção de Adam. 

Uma porta. Uma porta vermelha, no fim de um beco escuro, onde nenhuma outra criança estava. O único lugar onde não havia ninguém próximo, o único lugar que não havia brinquedos ou lojas de doces. O único lugar diferente de todo o resto. - Aquela porta... -

- Você vem ou não?!

Ela quebrou sua atenção e o garoto adentrou a casa. 

***

Na manhã seguinte Adam acorda com os berros e risos dos amigos e amigas de Sara. Ao lado da cama em que dormiu, sobre o criado mudo, estava seu café da manhã. Muitos doces, guloseimas, bolo de chocolate e um copo de refrigerante. 

Adam devora quase tudo e sai do quarto. As crianças já estão a brincar nos corredores, salas e quartos da casa. Penas voando para todos os lados enquanto algumas meninas se esbofeteavam com os travesseiros. 

Risos e gargalhadas por todos os cantos. 

Ele olha pela janela da sala e vê o horizonte. Os parques funcionando. As ruas cheias de crianças. 

 "Algo não está certo" - ele pensa. 

- Hey, Adam! Vem jogar videogame com a gente!

E o garoto se vai.

***

Elliot passa pelo quarto onde sua mãe estava a arrumar a bagunça. 

- Mãe, o Adam está escondido aqui? 
- Não filho, seu irmão foi pra outro lugar. A mãe tá arrumando aqui, não atrapalhem, ok?

Ele então se vira e continua pelo corredor. Entra em um quarto, dá uma vasculhada, sai e vai para o próximo. Procura e nada. Ele sai deste e vai para o ultimo quarto.

- Aaaadaaaam, eu sei que você está aqui... Eu vou te achaaar... 

O Garoto estava certo de que seu irmão mais novo havia se escondido ali. Ele vasculha as tralhas e olha atrás das pilhas de caixas, mas seu irmão não estava lá. Então ele vê que o guarda roupa está mal posicionado. Ele nota que há um vão entre o móvel e a parede e se aproxima...

- Adam? - ele bisbilhota. Mas tudo o que há atrás daquele guarda roupa é um imenso buraco na parede. Ele estica o pescoço pra tentar ver melhor o que tem lá dentro mas isso não é o suficiente para que possa ver com clareza. 

O garoto arrasta o guarda-roupas e se enfia atrás dele, atravessando o buraco na parede e adentrando a pequena sala. 

Estava um pouco escuro. Mas claro o suficiente para que visse uma única porta azul e uma lanterna pendurada na maçaneta.

- Adam... Maninho, você está aí? 

Ele bate na porta levemente.

Toc, toc... No terceiro “toc” a porta se abre. A lanterna cai da maçaneta no chão e acende. 

- Irmão? 

Escuro demais para que pudesse ver algo. Elliot pega a lanterna do chão e, intrigado, adentra a escuridão. Há uma escada que leva para baixo. - "provavelmente seja o porão" - o garoto pensa enquanto desce devagar, cuidando para não pisar em falso e esforçando-se para ver o que havia lá embaixo. 

Ele finalmente chega. Ilumina o lugar com a fraca lanterna, mas ela não revela nada além de escuridão. 

- Adam... Já chega irmão. Eu sei que você tá aqui. 

Ele dá alguns passos para frente.

- Adam?...

O Silêncio persiste.

- Adam?... Irmão, não tem graça. Sai logo de onde quer que você est-

Ele perde a fala no mesmo instante que sua lanterna pisca e para de funcionar. 

- Merda! – exclama o garoto enquanto bate a lanterna na mão e pressiona o botão com força, na esperança de que pudesse voltar a acender. 

E acende, revelando a ele o horror. 

Uma criatura deformada, nas características de uma criança humana, porém com sua pele acinzentada e brilhosa, como se emitisse algum tipo de luz fluorescente. Era como se a criatura tivesse a pele toda derretida, como se tivesse tomado banho em puro ácido corrosivo.

O garoto se assusta e dá uma pancada com a lanterna na cabeça da criatura e se vira para correr de volta por onde veio, mas ele já não pode ver o caminho devido à escuridão e começa a correr sem rumo. 

A medida em que vai correndo outras criaturas aparecem em seu caminho, o fazendo correr em ziguezagues. Desesperado, acaba tropeçando e vai ao chão. Ele tenta se levantar olhando para trás, vendo as criaturas andando em sua direção. O garoto salta e torna a correr, ao olhar novamente para frente para bruscamente, quase acertando mais uma dessas horríveis criaturas. Ele a observa...

A criatura parecia ser uma menina. Seu cabelo laranja todo esfiapado com um pedaço do que parecia ser um laço verde ainda pendurado nele. Seu rosto estava desfigurado, como se tivesse sido esmagado por algo, mas claramente podia-se enxergar o verde dos seus olhos. 

A criatura levanta lentamente seu braço esquerdo e aponta para o além, soltando um leve grunhido.

- Merda! - Elliot se espanta com a monstruosidade a sua frente e corre para o lado contrário, e não para. Outras criaturas continuam a aparecer em seu caminho, algumas tentam agarrá-lo, mas elas eram lentas demais para isso e ele se esquivou de todas. 

O garoto se desespera. Ele está correndo para lugar nenhum. Sem um rumo, sem uma direção. Sem saber onde está indo. Ele está cansando. Mas felizmente as criaturas param de aparecer em seu caminho e o garoto para, vira-se para trás e olha. 

Todas as crianças pelas quais ele passou e muitas outras estavam lá, agrupadas em fila, uma a uma. E, num piscar de olhos, todas giram seu pequeno corpo e apontam para uma mesma direção. 

- Merda, merda, merda! - O garoto se vira e torna a correr. 

Seu coração se enche de esperança ao ver, um pouco mais a frente, uma porta vermelha. Ele corre em direção a ela e a abre de supetão, fechando-a logo em seguida. 

Elliot dá um suspiro de alivio, mas que se vai em instantes. 

Ele se vira e é surpreendido por um enorme vulto negro e tudo se apaga. 

O Outro Mundo - Capítulo 1

Criaturas da Escuridão


- Então, o que acharam da casa Senhor e Senhora Moore?
- Olha... - respondeu a mulher - a casa é enorme, porém é muito antiga. Me parece estar em boas condições mas... acredito que muitas famílias já passaram por aqui. Estou certa?

- Realmente Senhorita Moore, essa casa já foi lar de muitas famílias, é uma casa com mais de 60 anos de história, mas como pode ver, continua muito bem conservada. Inclusive, para sua família, seria uma aquisição muito boa. A casa é muito espaçosa, tem quatro quartos como vocês mesmo já viram, tem um quintal enorme com um grande espaço para seus três filhos brincarem e crescerem. Fica em um bairro tranquilo e fora que tem uma bela vista para as montanhas. 

E o que é melhor e mais conveniente; o valor é muito mais em conta do que vocês esperavam e de todas as outras casas que já viram, não é?
- Realmente... Poderia eu e meu marido pensarmos um pouco a respeito? 

-Oh, claro, sem problemas. Quando posso aguardar um retorno de vocês?
- Amanhã mesmo ligaremos. 

- Ok, fico no aguardo...

...

Depois de muito pensar e conversar sobre, o casal decidiu comprar a casa. Dentro de uma semana marido, mulher e seus três filhos mudaram-se e o casal estava a organizar a bagunça enquanto as crianças brincavam...

- Ah, achei você Kyle! 
- Eu vou me salvar!

As duas crianças saem de um dos quartos correndo em direção a sala, Adam esbarra em sua mãe no corredor fazendo-a derrubar uma caixa com um monte de brinquedos e Kyle passa sua frente.

- Mais devagar meninos, vocês vão acabar se machucando!

Mas os garotos estavam tão entretidos com a brincadeira que mal ouviram o que sua mãe falou. 

Kyle chegou ao pique onde seu outro irmão Elliot esperava já salvo.

- Ahhhh, eu não quero mais brincar, só eu tô contando! - disse Adam, chateado por ser a terceira vez que ele era quem contava e procurava os demais.
- É porque você é muito ruim! - disse Elliot, esnobando o irmão mais novo enquanto Kyle concordava e caía na gargalhada. 

- Eu não vou mais brincar - insistiu o mais novo. 
- Tudo bem, eu conto então, mas só pra gente não ter que ajudar a mãe e o pai arrumar a casa - explicou Elliot e então se dirigiu ao pique, que era o antigo relógio de pendulo que ficava na sala de estar. 

Ele tapou os olhos e começou a contar, ao mesmo instante Kyle se virou e correu para se esconder. O pequeno fez o mesmo, tomou o corredor e saiu procurando um lugar para se esconder.

7... 8... 9...

O garotou entrou no quarto onde sua mãe estava a arrumar e correu para de baixo da cama, antes que pudesse se esconder sua mãe o puxou para fora;

- Filho, aqui não, a mamãe está tentando arrumar toda essa bagunça!

O garoto saiu do quarto, de volta para o corredor e pode ouvir seu irmão contando: 

18... 19... 20...

Desesperado por não ter se escondido ainda ele correu passando pelas portas de mais dois quartos, que ainda estavam sem arrumar e adentrou no último. Havia um guarda-roupas mal ajeitado lá dentro e uma pilha de outras tralhas sem arrumar. Entre o guarda-roupas e a parede havia uma brecha e lá o garoto se enfiou.

29... 30. Lá vou eu!

- Droga! - o garoto disse se enfiando cada vez mais para o fundo - DROGA! - Enfatizou ao sentir a parede a sua costas ceder, se desequilibrar e cair.

Ele estava dentro de um pequeno e não iluminado cubículo, apenas a luz do buraco na parede pelo qual caiu iluminava o local. Havia uma porta azul na parede esquerda com o que parecia ser uma lanterna pendurada na maçaneta.

Adam se aproxima da porta e tira a lanterna da maçaneta. Vira a lanterna de um lado ao outro e, ao apertar o botão, ela liga. No mesmo instante a porta se abre, assustando a criança. A porta não revela nada além de escuridão e, no mesmo instante em que o pequeno Adam move a lanterna em direção a dentro do que a porta azul mostraria, ele ouve seu irmão...

- Aaaadaaaam, eu sei que você está aqui... Eu vou te achaaar...

O garoto sem pensar duas vezes adentra a porta azul, ele nota que há uma escada que o leva para baixo e rapidamente começa a descer. A fraca luz da lanterna não é forte suficiente para revelar muito além, mas o suficiente para que pudesse ver a alguns metros a sua frente. Ele finalmente chega no piso abaixo e procura um local para se esconder de seu irmão.

Antes que pudesse encontrar um lugar sua lanterna começa a falhar e desliga, deixando-o em completa escuridão.

- Ah, droga! - ele pressiona o botão da lanterna mas ela não volta a acender. Uma, duas pancadas e ela finalmente acende revelando uma criatura deformada, nas características de uma criança humana, porém com sua pele acinzentada e brilhosa, como se emitisse algum tipo de luz fluorescente. Era como se a criatura tivesse a pele toda derretida, como se tivesse tomado banho em puro ácido corrosivo.

O garoto deu um pulo de susto tropeçando ao ver a criatura e caiu no chão, sua lanterna caiu de sua mão e rolou pelo piso gelado e então apagou. Adam estava em completa escuridão, a única coisa que via era a criatura a sua frente e ela começou a se aproximar. O menino levantou num salto, esqueceu completamente da lanterna. Ele estava assustado, seu coração disparado pareceu querer sair pela boca. Ele se virou para correr e então percebeu que não sabia de onde tinha vindo, mas o medo não podia o deixar parado. Ele correu, em sequer olhou para trás e, pouco pôde correr quando outra criatura aparece pouco mais a sua frente e o faz parar, gélido de medo.

Essa criatura também parecia uma criança e sua pele também estava em condições similares a da outra. Mas... sua pele, sua carne parecia ter sido moída, sua cabeleira estava toda faltando pedaços e lhe faltavam partes de carne no rosto. A criatura deu um gemido agonizado, levantou o braço e apontou em direção a Adam.

O garoto se desesperou mais ainda e tornou a correr na direção contrária a aquela criatura horrenda e brilhante. Ele não enxergava direito para onde ia e nem o que tinha em seu caminho, só continuou a correr e mais rápido ainda quando viu que outra, e mais outra e muitas outras criaturas iam aparecendo em seu caminho.

Algumas até tentaram o agarrar, e outras diziam algo como:

"vooooolteee...", "você tem que..." e "vá emboraaaa".

Ele continuou a correr, continuou sem rumo e as crianças monstro continuaram a aparecer. Elas eram muitas e então, ele chegou num ponto onde elas simplesmente pararam de aparecer. O garoto estava cansado, não sabia que diabos de lugar era aquele, sem fim e de apenas escuridão em que ele estava. Adam para e nota uma fraca luminosidade vindo de suas costas. Ele toma coragem e olha para trás...

Todas as crianças pelas quais ele passou e muitas outras estavam lá, agrupadas em fila, uma a uma. E, num piscar de olhos, todas giram seu pequeno corpo e apontam para uma mesma direção.

Adam se assusta mais ainda e, ao dar as costas para correr outra vez, acerta uma enorme porta vermelha que não estava a sua frente antes dele se virar para olhar o caminho que percorreu em corrida. Ele abre sem pensar duas vezes, entra e a fecha de supetão logo em seguida para que nenhuma daquelas criaturas pudessem entrar. Então ele se vira, aliviado. 

Mas não por muito.

Um enorme vulto negro o ataca, e tudo se apaga. 

O Álbum de Notas - Capítulo 1



Primeiro minha mãe, depois meu pai. De minha mãe não tenho lembranças, ela se foi quando eu era criança, tinha apenas 3 anos. Meu pai me criou sozinho até o dia de sua morte, quando eu tinha 19. Foi uma perca dolorosa, extremamente dolorosa. Eu me vi sozinho no mundo, quase perdi o emprego, mas, com muito esforço o mantive e continuei a viver em nossa casa. Mas isso me consumia aos poucos, as diversas lembranças só faziam piorar meu estado, e dois anos após a morte de meu pai eu não pude mais aguentar, tive de sair de lá. 

Fui para a cidade vizinha, há cerca de 45km de distância. Não tive coragem de vender a casa, pois meu pai havia construído com suas próprias mãos quando eu ainda era criança, mas me envolvi em problemas financeiros após tentar abrir meu próprio negócio e me vi sem saída. 

E então, aqui estou. Parado em frente a meu antigo lar, lugar onde cresci, local onde meu pai faleceu. Estou quase certo sobre a venda deste imóvel, então decidi que viria e recordaria as lembranças uma última vez antes de nunca mais poder fazer isso. 

Parado em frente ao velho portão enferrujado nota-se que a casa está meio desbotada, a pintura está desgastada, alguns vidros das janelas quebrados e folhas das árvores espalhadas pelo chão, já faz 7 anos desde a última reforma, feita por meu pai. 

Tiro do bolso o molho de chaves e procuro pela chave do portão. Insiro a chave e com uma certa força a viro, a ferrugem faz com que o trinco trave um pouco ao puxá-lo e então abro o portão que range em som metálico. 

Caminho lentamente, observando ao meu redor o meu antigo quintal. O balanço onde brincava estava deteriorado, a caixa de areia onde contruí meus castelos agora estava toda suja com folhas e galhos de árvores. O mato crescia em meio ao que um dia foi um lindo gramado. Fui até entrada da casa, em direção a porta. Parei em frente notando os vidros velhos das janelas empoeirados e a porta que estava com a pintura descascada. Procurei a chave da porta e a abri, lentamente. 

Um ar abafado atingiu meu rosto e as lembranças vieram como uma pancada em minha mente. Congelei alguns instantes antes de adentrar. O corredor onde onde tinha diversos retratos nas paredes agora era um corredor vazio. O vento soprava fazendo um barulho horrível de casa abandonada. No fim do corredor estava a escada que levava para o piso de cima, a esquerda a porta do banheiro, um pouco antes, havia a porta da cozinha e a direita, da sala de estar. 

Parei em frente a porta da cozinha, ainda haviam alguns móveis velhos e empoeirados, com suas gavetas caindo e a geladeira totalmente deteriorada. Me virei em direção a porta da sala de estar e entrei. No canto esquerdo havia alguns riscos na parede que recordavam meu crescimento. A sala estava praticamente vazia, com exceção de uma velha poltrona que não carreguei quando me mudei, e jamais conseguiria, pois foi ali que encontrei o corpo de meu pai, sem vida. Em frente a lareira, no chão, estava a cabeça de alce empalhada de meu pai, em cima da lareira percebia-se o espaço onde esta cabe deveria estar empoeirada. 

Os raios de sol atravessavam a sala refletindo a poeira no ar, novamente o ar abafado bate em meu rosto e a angústia aperta meu peito enquanto olho fixamente para aquela poltrona. O silêncio tomava conta do local e então me virei, apenas o som de meus passos sob o piso preenchiam o vazio daquela residencia enquanto me movia em direção as escadas. 

Subindo degrau por degrau que rangiam com meus passos pressionando as tábuas frouxas, chego ao piso de cima. Faço a volta, agora no corredor que separavam os únicos dois quartos da casa. A pequena janela com os vidros quebrados por algumas pedradas, provavelmente atiradas por crianças ou vândalos. Ainda havia o criado mudo onde costumava ficar um abajur e uma foto minha e de meu pai. 

Podia-se ouvir um ranger de porta e eu caminhei até ela. Estava aberta, a porta de meu antigo quarto, hoje totalmente vazio, com exceção de alguns velhos posters colados na parede. Não havia muita luz neste quarto, a sombra da árvore ao lado o obscurecia totalmente, pelo menos os vidros desta janela ainda estavam intactos. 

Caminhei até a janela e olhei através dela. A casa ao lado costumava ser a casa de minha antiga namorada, Amanda. Faz muito tempo desde que me mudei, e desde então nunca mais falei com ela. Certamente seguiu o seu caminho. Voltei um pouco, passando pela porta do banheiro onde vi meu reflexo no sujo espelho do box. Dei uma breve espiada e me dirigi novamente ao corredor.

A porta do quarto de meu pai estava fechada. Desde que ele se foi nunca mais entrei ali e, pra ser sincero, tinha medo de abrir aquela porta. Hesitei por alguns instantes e então a abri. 

Estava escuro. Muito escuro. Peguei meu celular e acendi a lanterna que revelou exatamente o que me lembrava desde a última vez em que estive aqui. A cama de meu pai no centro do quarto. O criado mudo ao lado esquerdo com um velho abajur em cima, o criado mudo ao lado direito com um porta retrato. Nas paredes também haviam porta retratos com fotos minhas e de meu pai. A frente de sua cama a (esqueci o nome) e sua TV em cima. Na parede da esquerda seu guarda-roupas estava com uma porta aberta e, acima da cabeceira da cama, a janela de seu quarto, com as cortinas fechadas. 

A porta do banheiro a direita também estava fechada. 

Me aproximei do criado mudo e peguei o porta retrato que me revelou uma antiga foto: era meu pai, minha mãe e eu em seu colo. Um aperto forte pressionou meu coração e senti um nó na garganta. 

Larguei aquela foto e fui em direção ao guarda roupas que estava com a porta aberta. Lá haviam algumas roupas de meu pai e um álbum de capa preta. Eu o peguei e abri. Haviam fotos e notas nele. Fui para o lado direito da cama, abri a cortina que permitiu a luz do sol entrar. Desliguei a lanterna e me posicionei de modo que a luz atingisse o álbum em minhas mãos. Comecei a folheá-lo. 

Na primeira página havia duas fotos. Uma de minha mãe grávida e outra fota dela com meu pai. Na primeira foto havia uma nota:

"Nosso amado filho, Natan, está quase chegando. Falta apenas dois meses" 

Na segunda foto também havia uma nota:

"Amor eterno. Papai, mamãe e nosso pequeno que ainda não chegou, Natan"

Nas próximas páginas haviam mais fotos de minha mãe grávida, de meu pai, de uma casa antiga, que provavelmente era a casa dos dois antes da morte de minha mãe. 

Haviam fotos que eu jamais havia visto. Fotos que me apertaram o coração e me fizeram desejar ter conhecido minha mãe. Ela parecia ser uma ótima pessoa, sempre sorridente, carinhosa comigo e com meu pai. Pena que não me lembro dela. Gostaria muito de que tivesse sido diferente, que ela ainda estivesse viva. Parando pra pensar, o pai evitava falar dela, tanto que não sei nem como ela morreu. Apenas seu túmulo em uma cidade distante daqui. 


Presságio

Ela caminhava, caminhava pela rua escura, o tempo chuvoso, sua roupa molhada.

Ela estava a alguns metros a minha frente, nós dois molhados pela chuva, nós dois trabalhamos juntos, no mesmo lugar.

São 22:00h, ela se chama Camilla e também é minha vizinha, mas nunca me deu importancia.

Meu celular toca, movendo o meu olhar que estava fixado nela para o aparelho em minhas mãos.

“A tim informa, você tem até o dia 06/06 para efetuar uma recarga ou sua linha será cortada”, é o que dizia a mensagem.

Voltei meu olhar para a moça, espera, aonde ela foi?


Ela não estava mais a minha frente, nem pra lado nenhum que eu olhava, faltavam 3 quarteirões para sua casa e ela estava a menos de 15 metros de mim. Pra onde ela foi?

Perei, a chuva caindo em meu rosto, enchuguei os olhos para ver melhor. De repente, toda a luz que clareava a rua se vai, fico totalmente na escuridão. Rápidamente aperto uma tecla de meu celular fazendo seu visor acender, o direciono para o chão e continuo a andar.

- Sorte minha ser aprova d’agua, ou dificultaria minha chegada até em casa.

Ploft!

Ouço o barulho de algo grande caindo no chão perto de mim. Viro me para os lados apontando a luz do celular para tentar ver o que originou esse barulho.

Meu olhos se arregalaream, meu coração disparou... Era ela, caída no chão. Em três passos eu já estava sobre ela, me agachei e fui tentar socorre-la. Seu rosto estava todo ferido, é como se a pancada fosse resultande de uma queda altissima, mas não havia como, ela não poderia ter subido no prédio a nossa frente e saltado de lá.

Ela ainda agonizava em dor em meus braços.

- Calma, calma, você vai ficar bem! Peguei meu celular, disquei para emergencia. Tudo o que eu conseguia ouvir era estática. Tentei novamente, não funcionou.

Olhei novamente para o rosto dela, o que era bonito antes, agora estava com um corte enorme e vertendo sangue, seus olhos fixos em mim, sua expressão de pânico. Ela não conseguia se mexer direito, muito menos falar, apenas grunhia. Seus olhos fixos em mim... Não, eles não estavam olhando para mim, gelei, virei minha cabeça para trás, havia um vulto de sobretudo preto, olhos vermelhos e o que pareciam ser asas, asas negras com com enormes esporas ponteagudas, seus braços eram incrivelmente extenços, suas mão com garras afiadissimas.

E, com uma velocidade incrivel, veio para cima de mim, me agarrou pelo pescoço com uma de suas mãos e, antes que eu percebesse, estavamos no céu, bem lá no alto.

Ele me posicionou com seu braço, minha face frente a sua, eu só podia ver seus olhos vermelhos e macabros. De repente, ele começa a falar, seus dentes afiados e brancos me dizendo:

- Jhony, Jhony, já está tarde... Até que horas pretende... Jhony, acorde!

Com isso abri meus olhos, minha visão ensebada. Olhei para o lado e vi Camilla.

- Jhony, já esta tarde, não vai para casa?, dito isso ela se virou e saiu da sala.

Peguei meu casaco, meu celular, eram 21:45h, virei e também saí.

Chegando a porta de entrada do trabalho percebi que estava chovendo, eu pude ver Camilla a alguns metros a frente, saí do prédio e dei uma olhada para o céu, a chuva já caindo em meu rosto. Vi alguma coisa passar numa velocidade incrivel entre os predios, continuei andando e olhando para Camilla. Ela é tão linda... 

A Moça de Cabelos Escarlate - Parte 1

Noite de sexta, depois de um dia cansativo de trabalho, na verdade, depois de uma semana inteira cansativa. Chego em casa, tiro meu calçado e vou direto para o banheiro tomar uma ducha para aliviar o estresse.

Saio do banheiro, vou para meu quarto me trocar, olho para o relógio que está em cima do meu balcão, são 22h37min, não parece, mas o tempo voa.

Após ter me ajeitado, preparado algo para comer, fui direto para frente do computador. Abri o facebook, fiquei animado, havia bastantes atualizações, e três novas solicitações de amizade, cliquei sobre e fui ver quem desejara ser meu amigo.


Havia solicitação de duas mulheres e um rapaz, o rapaz era um que eu já havia esbarrado lá no meu trabalho, o carro dele vive dando problemas, o cara é mais chato que não sei o que, recusei a sua solicitação de amizade.

Uma das garotas se chama Gabriella Anooy, bonita até, parecia ter uns vinte anos, aceitei sua solicitação de amizade, e fui verificar se ela estava online, infelizmente não, aproveitei e fui ver suas fotos. Ela é mestiça de japonês ou chinesa, não sei ao certo, seu sorriso é bem grande, daqueles que parecem mostrar todos os dentes, seus olhos castanhos, e seu penteado fazendo uma franjinha em sua testa, ela é bem bonitinha, talvez eu converse com ela quando estiver online. 

Fui ver a outra garota.

Ela tinha um nome estranho, uma foto de perfil um tanto que fora do normal, não que fosse feia, muito pelo contrário, ela é muito linda mesmo, uma beleza sem igual, seus cabelos vermelho escarlate, olhos verdes, sua maquiagem estava meio borrada, como acabara de chorar, mas seu rosto não era de tristeza e sim alegria, ela era encantadora, muito atraente. Seu nome, diferente de todos que eu já vi: Aaba Mania. Pensei que poderia ser um perfil fake, então, fui matar minha curiosidade. 

Abri seu perfil e fui até fotos. Infelizmente eu não podia visualizar nenhuma de suas fotos, pois as mesmas só podiam ser visualizadas por amigos. Eu pensei então: Por que não? Levei o ponteiro do mouse para a área em que dizia “Aceitar Solicitação de Amizade?”. Cliquei em cima, e, no mesmo instante, como em um piscar de olhos, as palavras que lá estavam escritas pareceram ter mudado, pensei eu que talvez fosse meu cansaço, elas mudaram para algo escrito: “Aceitar Solicitação de Pacto?”, esfreguei meus olhos, olhei novamente e já estava escrito: “Amigos”. Não dei muita bola. 

Fui novamente às fotos, tinha cerca de trinta fotos dela no perfil, trinta fotos de puro nada, todas elas, com exceção da foto de capa, eram todas imagens pretas. Não me admira ser fake, já era de se esperar. 

E, ainda movido pela curiosidade, fui em “linha do tempo”. Tinha algumas coisas que ela curtiu alguns textos, e imagens, coisinhas de amor, fofuras. Decidi então sair do face dela, e, por algum motivo, meu navegador travou, não conseguia fechá-lo. Ele havia travado bem em sua foto de perfil. “Deus, ela é muito atraente”, pensei. 

Mas o que diabos estou pensando? Resmunguei. "Nem é ela nessa foto!".

Já com sono, apertei com força o botão do PC e o desliguei. Fui ao banheiro, voltei, apaguei a luz e me deitei.

- Querido... Querido... Hora de levantar.

Com essas palavras abri meus olhos, ainda sonolento. Meu coração gelou quando me lembrei de que não poderia haver mais ninguém na casa, eu moro sozinho. Com um pulo saltei da cama, peguei a cadeira da minha escrivaninha e me direcionei, em posição de ataque, para o lado de que veio a voz. 

Falei com um tom alto e feroz: “Quem está aí?”.

Não obtive nenhuma resposta, enfatizei: “Quem é que está aí?”, enquanto andava lentamente em direção à porta aberta de meu quarto que dava para o corredor.

Com um movimento rápido, olhei para o corredor, não havia nada nele. Repeti mais uma vez para ter certeza, “tem alguém aí?”. Não houve nenhuma resposta. Me dirigi à cozinha, depois à sala, até ter verificado toda a casa.

- “Só pode ter sido um sonho”, disse para mim mesmo.

Olhei dessa vez, para o relógio de parede que estava na cozinha, eram incríveis 7hrs da manhã. Nunca que eu acordaria a essa hora em pleno sábado, mas voltar a dormir agora eu não conseguiria. Preparei um café bem forte, abri a geladeira peguei mortadela e a maionese, coloquei em meu pão, liguei a TV nos noticiários, e tomei o café.

- “Ah que saco! Não passa nada de bom nessa merda”, resmunguei. Desliguei a TV e voltei para meu quarto. Meu PC estava ligado. 
-“Não me lembro de tê-lo deixado ligado essa noite, bom não importa”, pensei. 

Sentei-me frente à tela, abri novamente o face, para minha surpresa tinha uma nova mensagem para mim. Curioso, fui ver de quem era. Era daquela mulher fake, a Aaba, era uma mensagem esquisita, não fazia muito sentido, nela dizia: 


Um Inferno

Dias Será

Nesses Dois
Sua Vida
Nova Senhoria
Adore Sua
Me Ame
Me Ame
Agora é Minha
Sua Alma
Você Aceitou
O Pacto
Vendo

- Mas o quê? Pensei ao terminar de ler. Não havia entendido nada, eu iria perguntar que merda foi aquela que ela me escreveu, mas estava off. Foi então que percebi. Li novamente o que ela havia escrito, de baixo para cima, meu coração disparou, eu olhei para a foto dela, me veio um sentimento estranho, algo que nunca havia sentido antes, os olhos dela pareciam tão lindos, lindos, tão lindos...

De repente a claridade que passava pela janela do meu quarto se foi, todo ele estava inundado em escuridão, apenas a tela de meu computador e o relógio digital clareando fracamente meu quarto, olhei para o relógio, eram 22h37min, me espantei. 

- O... O que está havendo aqui? Disse em voz alta. 

- A minutos atrás ainda era de manhã, como pode ter escurecido? O que aconteceu comigo? 

De repente, um barulho vem de meu PC, havia chegado uma nova mensagem, era dela... Ela estava on agora...

O Acordo - Parte 1

[Para os que pensaram que a série Meu Pesadelo Acordou Para a Realidade havia acabado... hu3hu3hu3 - perdão - aqui inicia mais um "spin-off" que ajuda a compreender melhor a série principal]

- Eu não sei mais o que podemos fazer amor. Estamos num beco sem saída.
- Querido, não vamos nos desesperar, deve haver algum jeito. Deve haver algo que possamos fazer e-

- Chega! Já chega! Eu não aguento mais isso, não aguento mais me sentir impotente. Temos muitas dividas, nenhum trabalho, nada para vender e logo não teremos onde morar!
- Mas Scott, amor. Tenho certeza que Deus dará um jeito. Nós não vamos mais passar fome, só temos que ter fé. 

- Não dá querida, não teremos um teto para morar a partir de segunda. Já temos pouco para comer e teremos menos ainda...
- Amor, não fala assim.

- Para, chega Judith. Eu estou desesperado, não sei o que fazer e logo... 
- Eu sei.

- E logo nosso filho vai nascer. O que será de nós?
- Eu sei meu bem. Eu também não queria que fosse assim. 

- A quem vamos recorrer? Não há ninguém que possa nos ajudar.
- Eu sei amor.

- Eu só queria uma solução. Só isso.
- Tenho fé de que tudo vai dar certo amor. 

- Tudo bem minha princesa. Eu amo você - Scott beija a testa de sua mulher, sua mão acaricia o ventre de Judith e continua a falar - e também amo você, meu filho que está por vir. - e se agacha, beijando a barriga de sua mulher. 
- Nós também te amamos, querido. 

- Tomara que seja um menino - ele a olha com os olhos em lágrimas, lagrimas de felicidade - agora eu vou, meus amores. Preciso conseguir algo para a janta. Hoje vai ter peixe meu amor.
- E eu vou preparar uma salada para acompanhar a carne branca. 

Os dois riem.

- É tudo o que temos. Salada e alguns peixes pequenos... - seus olhos brilham enquanto a olha - Se cuida amor, mais a noite eu volto. 
- Tudo bem minha vida, até de noite. 

Scott pega sua bolsa do chão e a vara de pesca que estava escorada na parede e sai pela porta do pequeno barraco em que os dois viviam. Mal sabia ele que aquele dia, mudaria sua vida para sempre.

***


- Droga. Não acredito que só consegui isso.

Scott olha decepcionado para o balde contendo dois pequenos peixes. Já passava das 21hrs e ele não havia conseguido nada mais além daquilo. Estava escuro, ele estava faminto e sua mulher estava em casa sozinha. Chateado, triste por não ter conseguido praticamente nada, ele toma o rumo de volta para casa, na escuridão, com apenas uma lanterna em mãos.

Ele caminhou por uns quinze minutos até chegar novamente na estrada de terra que o levaria para seu lar. Ele segue a estrada e, sem querer, tropeça, deixando o balde com os peixes cair no chão.

- Droga, que desgraça! - ele levanta furioso e desfere as mais horríveis palavras, algumas inclusive, voltadas contra Deus, culpando-o por sua situação e reclamando por não ter ajuda, por estar sofrendo, por estar angustiado e desesperado.

O homem ajunta os dois peixes do chão, coloca-os de volta ao balde e se levanta, chorando.

- Posso ajuda-lo?

Scott olha para frente assustado e aponta a luz de sua lanterna, que revela a ele uma linda linda mulher a sua frente. 

- Quem é você?
- Eu? - a moça dá um leve sorriso - Eu sou aquela que veio para salvar a ti e tua mulher. 

- O que? O que sabe sobre mim e minha mulher?
- Eu sei de tudo. - o silencio e um frio repentino tomou o lugar, ela fez uma pausa, enquanto olhava para o rosto intrigado de Scott - E eu posso ajudá-lo.

- Você não sabe de nada! Nem conhecemos você! E você nem sequer disse seu nome!
 - Ouça, Scott. Eu sempre estive a observar você e sua mulher. Sei que vocês mal tem o que comer e logo não terão nem um teto para proteger você, sua mulher e seu filho que está por vir. - e ela não parou de lhe dirigir palavras - sei que você está cansado, irritado, angustiado; sei que você e sua mulher pedem, pedem todos os dias para... para Deus. Mas ele não o ouve, nem sua mulher que nesse mesmo momento e em todos os que você não está com ela chora por não ter escolhido um homem melhor. Chora pela vida miserável que tem e só não se matou ainda em amor a criança que ela carrega no ventre. 

Scott não conseguia dizer uma palavra, ele estava perplexo e a mulher não parou de falar:

- As forças que Judith tem vem da criança que ela carrega no ventre, não de você Scott. Não de sonhar com uma vida melhor. Mas apenas de fazer o que for preciso para salvar a criança Scott. Ela quer salvar o seu filho. Você não quer Scott?
- Eu - ele fez uma pausa, seu olhar se perdeu em outra direção, um olhar de desilusão e então tornou a olhar para a mulher - é claro que eu quero, mas n- e foi interrompido -.

- Então Scott! Não seja covarde. Não seja o incompetente que sempre foi! Eu posso ajudar você, eu posso te ajudar! É só você aceitar!
- Tá bom, eu aceito sua ajuda! - ele exclamou com a voz alterada em um tom quase gritante.

No mesmo instante a mulher quebra a barreira que era a distância entre Scott e ela e aparece a sua frente, encostando seu corpo ao dele e uma boca próxima a outra. 

Scott pôde sentir a respiração da mulher... 

...e então, ela o beijou. 

Continua...
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